quinta-feira, 23 de julho de 2009

monólogo do não dito

E nem vou dizer que você é um idiota por ter agido assim, porque me parece que dessa vez você tomou uma atitude acertada.
E nem vou dizer que você é um relapso por ter esquecido todo o combinado, porque não me lembro mais de termos combinado nada.
E nem vou dizer que você é um insensível por não ter me avisado nada, porque de fato você estava preocupado.
E nem vou dizer que você é um babaca por ter me deixado aqui plantada na encruzilhada, porque isso seria mentira.
E nem vou dizer que você é um desorientado por ter escolhido mais uma vez o caminho errado, porque dessa vez eu acho que você escolheu o caminho certo.
E nem vou dizer que você é um egoísta por não ter me chamado, porque eu não iria com você.
E nem vou dizer que você é burro por destraçar a nossa rota, porque o melhor caminho para você não é o melhor caminho para mim.
E nem você dizer que você é surdo por não ter me escutado antes, porque você nunca escutou o que eu dizia.
E também não vou dizer mais nada, porque você também não está me ouvindo agora e estou falando aqui sozinha.
E também não vou mais ficar falando sozinha, porque não sou maluca de fato.
E por isso, agora, não vou mais falar nada.
Mas só para constar: aquele 'zero' é meu, e o senhor não pode ficar usando-o por aí a esmo, a toa, e o senhor faça-me o favor de devolvê-lo a mim, pois é a mim que ele pertence e somente comigo você poderia usá-lo.
E assim sendo, passe aqui em casa e deixe-o na portaria, com o cuidado de não deixar com ele nenhum bilhete de arrependimento.
Já é tarde agora.

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