segunda-feira, 24 de agosto de 2009

uma gradação

sem nenhum motivo aparente para se ver indiferente
sem nenhum motivo aparente para se ser indiferente
sem nenhum motivo aparente para se ter indiferente
litros, baldes, tonéis de cocô
.

domingo, 16 de agosto de 2009

veio ou não veio?

o bilhete não veio.
mas veio a vontade.
e veio tão sem graça que precisou de outra boca para falar.
e veio tão sem jeito que não sei nem se é pra ficar.
e veio por intermédio de outrem, sem eu já nem esperar.
e veio.
e eu? pra onde?

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

antolhos

para não se magoar,
para não magoar ninguém,
existem coisas que é melhor deixar pra lá...
fingindo que não se vê não se sente.
ou se sente menos.
menos.
quanto mais se mexe mais se dói.
mais.
definitivamente,
é melhor deixar pra lá...

domingo, 2 de agosto de 2009

propósito de férias

É privilégio de poucos gozar de duas férias ao ano. Os estudantes e professores costumam poder fazê-lo. E como tal, sempre consegui me livrar de qualquer compromisso acadêmico nos inícios meios e fins de ano.
As férias de meio de ano não chegam a ser consideradas férias no estrito sentido do termo. São apenas quinze dias em que você já conhece os compromissos que te esperam no ínicio de agosto mas que pode esperar o tal mês começar para pensar neles. Não são férias, é um pequeno recesso, o qual almejei ansiosa desde a entrada de julho.
O primeiro semestre passou árduo. E de uma maneira tão intensa que nem senti o seu passar pois não havia tempo para parar e pensar. Eu não via a hora dos meus quinze dias de nada para fazer chegarem. E chegaram em tempo de eu ainda nem ter me decidido o que fazer deles.
Viajar. Estudar. Organizar papéis e vida. Fazer exercícios. Beber até cair. Se divertir. Rever amigos. Escrever projeto. Adiantar trabalhos. Ver filmes. Eram projetos...
... que nada!
Logo no primeiro domingo me bateu à porta uma exaustão de ser junto com uma preguiça de existir que não me tiraram de casa.
E resolvi que só pelo domingo, ficaria ali assim: espalhadona na cama, de pijama de flanela o dia inteiro, enrolada feito bolinho em cobertor, olhando a mosca pousada no teto, quietinha, eu e mosca, de cabeça vazia.
E foi tão bom que acabei prolongando o prazer pela segunda, a terça, a quarta e ui.
Mas que perda de tempo!
Tanta coisa importante para fazer, mas são férias.
Tanta coisa que se precisava fazer, mas são férias.
Tanta coisa gostosa para fazer, mas são férias.
E amanhã eu faço, porque a preguiiiiiiiiiça...
Depressão?
Que nada!
Cansaço.
E descobri a melhor maneira de aproveitar o recesso de meio de ano.
Bateria se recarrega com energia de casa.
E espantei a sensação de tédio que insistia em entrar no quarto. E dei mais corda para a exaustão de ser e para a preguiça de existir. E deixei-as entrar e ofereci café com bolinho, sem peso nem culpa.
Descanço.
E no fim do recesso a certeza do propósito cumprido.